Sonhos mortais: ficção científica ou realidade?
O homem sonha, a obra avança. A construção de imaginários, de buscas intangíveis pela perfeição, pela justiça e pelo desenvolvimento, no fundo, a construção de Utopias remonta mais enfaticamente a São Tomás de Aquino na sua obra sobre a cidade de Deus, aquela que seria a cidade ideal, uma sociedade perfeita. Esta procura pelo ideal leva séculos mais tarde Thomas Moore a escrever a "Utopia", o nome cunhado com o sentido que agora lhe damos, atribuído a uma ilha, a ilha perfeita. A partir desta criação concretizada vários foram os pensadores que se dedicaram à prospectiva a longo prazo, fosse numa concepção antropologicamente pessimista, fosse numa concepção mais optimista ou neutral. Através dos sonhos, através do pensamento sobre o futuro, através da inigualável imaginação criativa de pensadores e de literários surge uma área específica: A ficção científica. A ficção científica narra escolhas futuristas com base no desenvolvimento científico e tecnológico. Ao longo do século XX, já depois das primeiras obras futuristas, que sonhavam com os submarinos e os aviões, o desenvolvimento da ficção científica tornou-se um dado efectivo. A prova do mesmo foi deixada nos alertas de livros como o "1984" enfaticamente salientando o futuro tal como hoje o vivemos, num big brother permanente, tal a colecta de informações pelas máquinas e por todo o espalhafato tecnológico incontrolado e incontrolável que nos rodeia ou por Arthur C. Clarck no seu "2001-Odisseia no espaço" fabulosamente transformado cinematograficamente por Kubrick, e, naturalmente, " Admirável Mundo Novo", o best seller de Aldous Huxley que enfatiza as sociedades futuristas e a dependência dos humanos pelos comprimidos da "felicidade". Facto é que todas as concepções utópicas, todas as imaginações da ficção científica, todos os avanços(?) carregam em si opções políticas e valores éticos bastante marcados. Einstein afirmou que se soubesse o que o desenvolvimento cientifico-tecnológico se havia tornado (referindo-se à bomba atómica largada em Hiroshima) jamais teria contribuído para o seu desenvolvimento. O futuro da tecnologia está aí. A digitalização e a manipulação de dados, combinada com a inteligência artificial e com a robótica fará dos humanos, escravos, seres híbridos, ou seres humanos? Ninguém sabe....talvez também possa depender da perspectiva. Pessoalmente, entregaria já o meu corpo à robótica e à inteligência artificial. O futuro é agora e agora é a hora. Sejamos optimistas e esperançosos.