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Utopias Concretizaveis

Utopias Concretizáveis é um espaço em busca de um mundo melhor, através dos sentidos, sentimentos e pensamentos da autora, nas suas reflexões intimistas e, quiçá, inspiradoras, marcadamente politizadas.

Utopias Concretizaveis

Utopias Concretizáveis é um espaço em busca de um mundo melhor, através dos sentidos, sentimentos e pensamentos da autora, nas suas reflexões intimistas e, quiçá, inspiradoras, marcadamente politizadas.

29
Out19

Burrocracia Maléfica

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Max Weber, fundador da sociologia, foi o primeiro autor a estabelecer e desenvolver pensamento acerca da burocracia. O conceito, neutro, adquiriu conotações negativas ao longo do tempo. A visão organicista da AP, o império da lei, a crescente afirmação do direito administrativo, de que não só não se pode fazer nada contra a lei como também só se pode fazer aquilo que a lei estritamente determina, fez criar esta conotação negativa por vários factores. No final, foram criados monstros.....monstros estatais. Estes monstros mais não são do que o alargamento e o aprofundamento das atribuições e funções do Estado, ao longo dos dois últimos séculos, bem como do estabelecimento institucionalizado de poderosas máquinas estatais. Ora, os avanços tecnológicos que se têm verificado nos últimos anos vieram "tentar" atenuar os problemas do monstro. A informatização desenvolvida nos anos 90 do século passado bem como a digitalização das duas primeiras décadas do século XXI e a breve aplicação da inteligência artificial estão na base dessa transformação, dessa atenuação. Se é certo que a tendência dos Estados contemporâneos é a progressiva eliminação do funcionário (normalmente publico, no entanto, sectores fora da AP também padecem do problema do monstro burrocrático) também é certa a progressiva visão do cidadão-utentedesimesmo, isto é, o burrocrata vai ser substituido pelo cidadão (que passa a fazer as suas próprias coisas quando necessita) e pelas máquinas. Assim, se o funcionário publico do futuro é obrigatoriamente alguém com conhecimentos, mais ou menos, alargados de informática, o monstro vai demorar a derrubar. A simplificação de procedimentos administrativos, a celeridade dos mesmos, são imprescindíveis em qualquer economia do futuro que se queira competitiva. Infelizmente o que se verifica é a criação de plataformas informáticas (pouco) inteligentes, porque mal desenhadas e também funcionários que mal entendem as ferramentas que possuem à sua frente, para além do sempre eterno problema burrocrático formal e substancial formatado pelos legalistas mais positivistas do que o legislador (que não é positivista). Efectivamente, a diferença entre o sector público e o sector privado é abissal. No sector privado existe a concorrência, existe a necessidade contínua de aprendizagem, existe a possibilidade de crescer, de experienciar diverseficadamente ao longo da vida em vários domínios. A necessidade de dominar o monstro, de o tornar eficiente e célere é a chave de qualquer economia de futuro, para que as vidas não fiquem suspensas, nem as nossas (que estamos do lado de fora) nem as deles. Todos ganham. Todos agradecem.

28
Out19

Trabalho sentido

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Os avanços científico-tecnológicos que se verificaram na história da humanidade acarretaram sempre problemas gravíssimos de  estruturação de sociedades equilibradas no seu todo. A relação do cidadão com a vida profissional, com o trabalho decorre de uma imposição de gerar valor para si mesmo, quer em termos pessoais, quer em termos remuneratórios. Ao longo do século XX, as sociedades modernas estabeleceram a necessidade de padronizar a exigência de um mínimo remuneratório como factor dignificador da actividade laboral de cada cidadão e dignificador da sua própria vida. Porém, as sociedades continuam sem conseguir dar resposta satisfatória aos cidadãos que, por diversos motivos, não conseguem ter uma actividade laboral temporalmente contínua. E aqui se aprofundam as desigualdades em grande proporção. Em termos territoriais, indubitavelmente, é nas grandes cidades, nas capitais dos países, sobretudo, que se concentram as ofertas de trabalho. E esta é a explicação do êxodo do mundo rural para o mundo citadino, para o surgimento das grandes metrópoles. Este desequilíbrio territorial trás consigo outras questões, como a questão da autonomia económica de autênticas cidades-estado e questões ambientais, de mobilidade, culturais e habitacioniais que não se colocavam antes. A outra grande desigualdade é a que decorre da questão do género: a entrada gradual do sexo feminino no mercado de trabalho trouxe consigo questões culturais e sociais ainda não resolvidas. Em matéria laboral são elas quem mais sofrem as consequências, uma vez que são elas que mais facilmente caem em situações de desemprego, de emprego precário, de salário inferior, da necessidade de provar ser melhor do que um homem nas mesmas funções, e a somar a isso, o fardo de tomar conta de tudo na vida particular, de ser cuidadora informal sem qualquer agradecimento ou reconhecimento social, com graves prejuízos nos seus direitos e no seu acesso à reforma. A questão territorial e a questão de género somadas tornaram várias gerações de cidadãs (e cidadãos) descontentes face a um sistema político/economico/social que os esqueceu. Ainda que renda mais, um salário mínimo que é auferido numa capital e num território rural, o mesmo não compensa, de todo, a descontinuidade laboral destes cidadãos. Para além disso, sendo a oferta (laboral e remuneratória) inferior o leque de oportunidades de crescimento ecomómico é castrante. As evoluções tecnológicas, embora façam evoluir as sociedades no seu conjunto, em termos laborais geram retrocessos, uma vez que hoje em dia poucos podem afirmar que "são" algo. Muitos cidadãos são, no fundo, desempregados, "estão" é num emprego, tal a precariedade laboral actual. As mulheres são as que mais "estão empregadas", porque os estudos e estatísticas acerca das pessoas inactivas em idade adulta não abunda. Certamente iriam "descobrir" que a inactividade nunca foi opção, que as pessoas estão, efectivamente, desempregadas, e que, apenas, e infelizmente, os Estados esqueceram de acompanhar. Há muitas pessoas que estão desempregadas mas que se encontram a trabalhar. Pode parecer contraditório, mas não é. As desigualdades geram desequilibrios desnecessários, que têm de ser combatidos à nascença, porque nem todos nascemos homens e nem todos nascemos no lugar que queríamos. Daí a importância fundamental, da educação, e da sua reforma (ver post anterior). Deixámos de ser algo, apenas estamos algo, sempre temporariamente. Lembrando um pouco a ideia dos políticos que "estão" na política. Assim é o sector privado económico. Até quando?

25
Out19

Educação Diferencial

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As desigualdades, independentemente de quais sejam, têm a sua origem nas circunstâncias do nascimento de qualquer ser humano e apenas existe um instrumento para atenuar as mesmas: a educação. A educação não só formal, aquela que os Estados proporcionam aos seus cidadãos, como também a educação substancial, aquilo que efectivamente se aprende em termos de conhecimentos técnicos. Estes conhecimentos técnicos também se podem dividir mais especificamente em hard skills e em soft skills, porque ninguém nasce ensinado a nada nem programado para agir como. A educação tem a importância primordial na realização do homem e do seu sentido de vida porque ela agrega mais valias. Há, hoje em dia, teóricos que afirmam que a chave do sucesso (seja lá o que isso signifique) está em apostarmos naquilo em que já somos bons, em que revelamos ter melhores desempenhos na escola, em vez de andarmos atrás da tentativa de atenuação daquilo em que não somos tão bons. Independentemente disso, o desenvolvimento da criança e do adolescente é muito exigente e competitivo em termos sociais no âmbito educativo. Porém, o próprio sistema inquina o processo de aprendizagem: por um lado pela sua forma, caduca, uma vez que um sistema de ensino medievo onde existe a figura de um professor que debita conhecimento para dezenas de seres em crescimento não é, de todo, a forma mais eficaz de despertar a curiosidade e levar o aprendiz a adquirir conhecimentos; por outro lado, a sua substância, aquilo que se ensina, encontra-se muito centrado em assuntos inuteis e vazios de conteúdo verdadeiramente enriquecedor relativamente às hard skills técnicas necessárias e descura, em absoluto, a existência das soft skills, de uma aprendizagem humana e não automatizada e repetitiva. Lembro que, num futuro breve, a inteligência artificial fará uma parte substancial do trabalho por nós. Assim, ainda que haja quem diga que o ser humano está a tornar-se mais "burro", (o que eu discordo) facto é que a educação anacrónica em vez de atenuar as desigualdades está a acentuá-las. As actuais sociedades de todo o mundo exigem um acompanhamento permanente ao longo da vida de diferentes tipos e processos de aprendizagem. Não se explica, por isso, tão longo formal ensino para os cidadãos. É, na prática, na vida quotidiana, fazendo, que se aprende: fazendo e aprendendo. Importa por isso pensar todo o  modelo e sistema de ensino global para combater a maior ambição que tem: atenuar as desigualdades e alavancar o crescimento pessoal de cada habitante deste planeta.

23
Out19

Mercados Anacrónicos

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Quando a ciência económica gritou o seu ipiranga, algumas variáveis não foram consideradas, tal como o são hoje em dia. Os economistas normalmente não mencionam essas variáveis, não se percebendo bem qual o motivo. A verdade é que, Adam Smith, se fosse vivo, ficaria a coçar a cabeça, para chegar à conclusão: estranha natureza "humana". A sua lei da oferta e da procura é uma das leis mais conhecidas da economia. No entanto, a economia não é uma ciência exacta. Assim, esta "lei" deveria ser varrida do léxico terminológico por um motivo simples: anacronismo. A lei da oferta e da procura mexe com duas variáveis: o preço e a quantidade. Estas não são as unicas variáveis para determinar o ponto de equilibrio, porque, como dita o senso comum do quotidiano, onde raio é que está o equilibrio? onde é que está a mão invisível? A verdade é que não está. As diferentes correntes de economia política digladiam-se sobre a questão do intervencionismo. Os que são a favor explicam que o mercado não regula tudo, mas não conseguem fazer a correcta pedagogia com as premissas lógicas do pensamento racional. Os que são contra qualquer intervencionismo afirmam, pelo seu contrário que o que dita o ponto de equilíbrio de um bem é o mercado, apenas e só, e que a liberdade é o valor supremo do dito mercado. Ora, a verdade é que há duas variáveis de extrema importância a considerar na ciência económica: a irracionalidade das escolhas, ou seja, a psicologia, e, o tempo. Passo a explicar: um dos fenómenos que se verifica actualmente é a existência de fundos de investimento. estes fundos de investimento mais não são do que capital "virtual" anónimo e "irresponsável" (porque como é anónimo não se podem assacar responsabilidades a nenhuma entidade jurídica) e que circula livremente sem qualquer tipo de restrição, por todo o globo, basta um clique num computador. Ora os fundos de investimento têm um leque alargado de escolhas onde colocam o seu dinheiro, onde investem, como o sector tecnológico (quem não se lembra da bolha das dot.com), o sector energético (o quase anónimo mercado de carbono), o sector financeiro e, aquele que mais tem impactado a vida das pessoas no seu quotidiano, não só nas capitais europeias como também noutros pontos do globo, o sector imobiliário. Ora, a realidade mostra que os preços das casas não correspondem ao que é suposto ser a lei da oferta e da procura. Porquê? Porque os fundos de investimento apostaram neste sector, criando uma procura artificial por um bem, fazendo subir os preços artificialmente (com a conivência e ajuda da banca e do sector financeiro, claro), mantendo imóveis em pontos territorialmente apetecíveis fechados à aquisição dos mortais comuns que nesses espaços habitam (ou pretendiam habitar), com a ideia de que vão ter lucro, no futuro, uma vez que a população mundial está a aumentar. Ora o factor tempo é, a meu ver, um factor a considerar, mas de certa forma descabido, uma vez que outras variáveis se lhe podem "furar os planos" por assim dizer. Ora, os fundos de investimento apostam, mais ou menos prudentemente, numa lógica matemática, numa lógica de tempo, no futuro, na procura de um bem escasso que só irá ocorrer no futuro (mais ou menos longínquo). O sector de habitação, em particular, exige intervenção rápida do poder político para fazer face a uma situação intolerável, incomportável e moralmente condenável. Ainda que a população vá aumentar, por um lado essa população que vai aumentar não é a população da classe alta, das elites, bem pelo contrário, o que se verifica e vai continuar a verificar é um aumento da população nas camadas sociais mais baixas, sobretudo da Índia, China e África. Logo, se estes bens escassos já estão completamente inacessíveis para o comum dos mortais, com o crescente aumento especulativo dos preços destes bens quem é que os vai adquirir? Os pobres do futuro? Aqui se vê que a lei da oferta e da procura já não é lei, aqui se vê que o que é lei é a lei da selva. Não há mão visível que ponha mão nisto? Até quando? 

 

 

19
Out19

Vistas cegas

VELHA EUROPA.jpg

A demografia europeia já é um problema! Para mitigar o envelhecimento da população seriam necessárias políticas publicas verdadeiramente activas da promoção da natalidade, desenhadas a nível europeu e implementadas em cada Estado membro. Porém, esta questão tem diversas características, distintas em cada um dos Estados Membros e pode trazer questões políticas conflituais com aqueles que, afinal, têm vindo a mitigar este problema: os imigrantes. A baixa da natalidade na Europa está relacionada com a menor capacidade económica das gerações jovens, (problema que já tem mais de 2 décadas), em todos os países da União Europeia, naturalmente que nuns mais e noutros menos, associada à expansão neo-liberal de um capitalismo predatório. A incerteza do futuro e a precariedade trazidas por este sistema económico, de um mundo com dinheiro fictício, vindo não se sabe de onde, nem quem o detém, está na base do receio das mulheres (e dos homens) em ter filhos, sendo que as mulheres continuam a ser o género humano mais prejudicado em todos os domínios, ao longo da sua vida. Os preços das habitações nas grandes cidades, sobretudo nas capitais europeias, o estilo de vida exigente e rápido, o desemprego, não se têm mostrado amigos das mulheres e dos seus desejos de realização pessoal. Se a Alemanha caracterizada por uma sociedade envelhecida e rica, não consegue fazer face ao problema, como é que Portugal, país envelhecido e pobre conseguirá? A Europa e as suas instituições andam adormecidas deste problema, empurrando para os Estados Membros as suas responsabilidades. Em Portugal, tudo é lento, tudo demora para mudar, o país vive atávico, num deserto territorial cheio de potencial mas esquecido pelas elites capitaleiras, donas do capital e residentes na capital, cegas pelo umbiguismo egoísta de um problema que não querem que seja seu. O potencial do país está completamente hibernado num imobilismo injustificado de fazer concretizar um desígnio de grandeza que rapidamente se traduziria numa realidade, passando não só de ser uma utopia concretizável sonhada no passado. As caraterísticas do povo em nada ajudam ao desejo de mudança que urge concretizar. O individualismo exarcebado e a falta de união, os marcados 7 pecados mortais presentes no quotidiano, a resignação e a falta de pedagogia e de vontade em aprender, o deixar andar, são os maiores entraves à mudança radical necessária para melhorar efectivamente a qualidade e as condições de vida de todo um povo. Grandioso que foi, e que é, mas que, às vezes não enxerga. Daqui a 30 anos seremos o país mais envelhecido da Europa, velhos e pobres. Podemos optar em ser velhos e ricos, ou melhor ainda, em sermos equilibrados demograficamente e ricos. Basta ter visão, lutar e agir, porque as sociedades mais jovens são as sociedades mais dinâmicas. Está na hora de contrariar e eliminar todos os entraves à nossa felicidade enquanto povo, basta querermos, basta unirmo-nos. 

19
Out19

Liberdades

catalunha.jpg

"A guerra é a continuação da política por outros meios", dizia Clausewitz. A União Europeia, e as suas instituições não podem alhear-se dos problemas existentes nos seus Estados Membros. A vizinha Espanha depara-se com um movimento independentista que veio ganhando força e o desenvolvimento dos acontecimentos, a falta de vião estratégica, de diplomacia, a total ausência dos reis de Espanha, levaram a um escalar de acontecimentos em ponto de não retorno. Se os Tribunais são obrigados a cumprir a Constituição e a unidade nacional territorial têm, por outro lado, de cumprir os tratados internacionais e o princípio do direito à auto-determinação dos povos. A Espanha carrega um problema de difícil resolução, onde faltam actores diplomáticos eficazes, onde falta a assunção de responsabilidades por diversas entidades políticas, e onde falta, sobretudo, pedagogia e bom senso. Nenhuma guerra é desejável em parte nunhuma do mundo. Viva a paz. Viva a liberdade.

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