Burrocracia Maléfica
Max Weber, fundador da sociologia, foi o primeiro autor a estabelecer e desenvolver pensamento acerca da burocracia. O conceito, neutro, adquiriu conotações negativas ao longo do tempo. A visão organicista da AP, o império da lei, a crescente afirmação do direito administrativo, de que não só não se pode fazer nada contra a lei como também só se pode fazer aquilo que a lei estritamente determina, fez criar esta conotação negativa por vários factores. No final, foram criados monstros.....monstros estatais. Estes monstros mais não são do que o alargamento e o aprofundamento das atribuições e funções do Estado, ao longo dos dois últimos séculos, bem como do estabelecimento institucionalizado de poderosas máquinas estatais. Ora, os avanços tecnológicos que se têm verificado nos últimos anos vieram "tentar" atenuar os problemas do monstro. A informatização desenvolvida nos anos 90 do século passado bem como a digitalização das duas primeiras décadas do século XXI e a breve aplicação da inteligência artificial estão na base dessa transformação, dessa atenuação. Se é certo que a tendência dos Estados contemporâneos é a progressiva eliminação do funcionário (normalmente publico, no entanto, sectores fora da AP também padecem do problema do monstro burrocrático) também é certa a progressiva visão do cidadão-utentedesimesmo, isto é, o burrocrata vai ser substituido pelo cidadão (que passa a fazer as suas próprias coisas quando necessita) e pelas máquinas. Assim, se o funcionário publico do futuro é obrigatoriamente alguém com conhecimentos, mais ou menos, alargados de informática, o monstro vai demorar a derrubar. A simplificação de procedimentos administrativos, a celeridade dos mesmos, são imprescindíveis em qualquer economia do futuro que se queira competitiva. Infelizmente o que se verifica é a criação de plataformas informáticas (pouco) inteligentes, porque mal desenhadas e também funcionários que mal entendem as ferramentas que possuem à sua frente, para além do sempre eterno problema burrocrático formal e substancial formatado pelos legalistas mais positivistas do que o legislador (que não é positivista). Efectivamente, a diferença entre o sector público e o sector privado é abissal. No sector privado existe a concorrência, existe a necessidade contínua de aprendizagem, existe a possibilidade de crescer, de experienciar diverseficadamente ao longo da vida em vários domínios. A necessidade de dominar o monstro, de o tornar eficiente e célere é a chave de qualquer economia de futuro, para que as vidas não fiquem suspensas, nem as nossas (que estamos do lado de fora) nem as deles. Todos ganham. Todos agradecem.