New green bullshit
Foi aprovada em Estrasburgo esta semana a próxima Comissão Europeia e o seu projecto para 5 anos assente num chamado "new green deal". Em tempos de turbulências mundiais, de falta de visão, de descontentamento por falhas nos sistemas que correspondem a exigências legítimas de menos desigualdade, manifestados pela ascenção dos populismos e da extrema direita, eis que, o umbiguismo deste bloco económico em que vivemos se lembra de atirar areia para os olhos dos seus cidadãos manifestando preocupações que nunca teve, por um lado, e, dando palco (oculto) e força aos lóbies económicos que realmente mandam na UE, sejam os lóbies da banca (que já há muito entrou nos "investimentos" do mercado de carbono), sejam os lóbies da industria automóvel, alemã sobretudo, sejam os lobies das restantes industrias emergentes da área das energias. A União Europeia (desde há mais de duas décadas tomada pelo poder alemão) tem vindo a dar muito pouco em troca do que antes exigiu que os Estados abdicassem. O desequilíbrio é manifesto. A gestão de uma organização supra-nacional deste bloco regional feita com apenas aproximadamente de 1% de toda a riqueza criada dentro desse espaço económico é o busílis do absurdo, ainda para mais quando se discutem décimas e centésimas desse orçamento comunitário. A desilusão da prioridade apresentada é enorme! Não porque ela não seja efectivamente uma prioridade, mas sim porque ninguém vive do ar, mas sim porque as desigualdades têm sido a base para a grande maioria das maleitas das sociedades. E essas desigualdades nunca foram combatidas, precisamente porque a história da UE tem sido uma história de lutas internas permanentes de todos contra todos, fazendo atrasar e recuar este bloco regional, face aos avanços verificados no global, em termos económicos. Boas intenções só para ouvidos leves, ouvidos duros não se deixam iludir. Acentuar-se-ão os problemas europeus existentes, uma vez que é impossível concorrer e avançar com o resto do mundo fazendo exigências (internas) e externas, que não bastam para resolver os problemas mundiais. As cláusulas dos direitos humanos inscritas nos acordos comerciais não produzem efeitos se não forem acompanhadas por uma pedagogia cultural (que não de superioridade) desde a sua raíz, o green deal não produzirá efeitos (mesmo que toda a UE altere os seus comportamentos quotidianos de consumo de bens e serviços e o seu paradigma energético) se não fôr acompanhada nessa trajectória por todo o mundo, porque a poluição não conhece fronteiras. A UE (que se confundirá com a Alemanha) está a tornar-se um museu/lar de idosos inacessível e fechado ao resto do mundo, tentando despir-se de questões ambientais....mas isso não acontecerá. Não haverá nenhum new green deal, só tolos acreditam nisso. Haverá sim, mais poder para os mais fortes, mais desigualdades, e uma bolha: a bolha que agrilhoa as lutas necessárias a fazer, contra o capitalismo selvagem, contra homens que se julgam deuses, contra os seus indescritíveis e muito secretos (vá-se lá saber porquê.....) estilos de vida (?), contra....a miséria humana, a miséria que vem destruindo este planeta. É preciso seriedade a tratar dos assuntos da nossa casa, da casa comum....não existem fronteiras para lá do planeta. É preciso mudar, é preciso sentido crítico, é preciso abrir os olhos, para nunca nos deixarmos manipular, é preciso os mais fracos unirem-se, o caminho é muito longo, mas há sempre esperança de construir um mundo melhor. Esse mundo é possível....