Evoluir em conjunto
A saúde, a educação e a segurança são os três pilares em que assentam os deveres do Estado para com os seus cidadãos. A oferta de políticas publicas nestes domínios é, por isso, sempre fundamental para o desenvolvimento de qualquer sociedade que se queira, continuadamente, desenvolver. A saúde é o aspecto mais importante para o ser humano, pois sem saúde, doente, o cidadão não consegue viver. As políticas de oferta de sistemas publicos de saúde é, pois, imperioso, para qualquer Estado que tenha como prioridade absoluta a protecção dos seus cidadãos. A educação é, a par da saúde, o outro sector que mais atenção deve merecer por parte de um Estado. A educação em sentido lato deve ser um esforço comunitário, público, colectivo, de conformação de valores, ideias e conteúdos efectuado ao longo da vida. Por mais de uma vez referi-me à rigidez e anacronismo dos sistemas de educação. Nem o conteúdo está adequado nem a forma está adequada. Com a vinda do vírus de 2020, o Estado português iniciou a emissão de aulas transmitidas pela televisão, aulas essas destinadas ao público escolar, naturalmente. No entanto, estudos afirmam que, não só esse público é mais vasto do que o público escolar específico, como também é assistido por outro público mais diversificado. Há, efectivamente, uma demanda muito grande da população em aprender, independentemente da sua idade, o que é curioso e de aplaudir. Também se sabe que há uma explosão de empresas, mais ou menos multinacionais, que focaram a sua actividade na aprendizagem de conteúdo via internet, sejam cursos mais tecnológicos e avançados, sejam cursos mais iniciantes e generalistas. Há demanda em todo o mundo. O mundo quer aprender, as pessoas querem aprender! O que é que deveria ser alterado? (e aqui expresso a minha visão mais pessoal) Em relação ao conteúdo falta um eficaz conteúdo de cultura de cidadania, pela paz, pelo bem (tirem a religião disso por favor), falta um conteúdo de exigência em diversos domínios, o alargamento da aprendizagem matemática, sobretudo de cálculo, ao longo de todo o ensino obrigatório, o alargamento da aprendizagem na área da educação física (pelo que o desporto deve ser diário) e de outras áreas tradicionalmente afastadas porque vanguardistas, como a meditação e a gestão de stress, visto que o físico está directamente relacionado com a mente em cada um de nós, o alargamento da aprendizagem a uma área que parece tabu, que é a educação financeira, o alargamento de uma aprendizagem no domínio das relações humanas, seja das soft skills, seja das relações inter-pessoais latu sensu, e, para finalizar, o inicio de uma aprendizagem no domínio da cozinha, porque se há coisa que todo o ser humano precisa de fazer diariamente é de se alimentar, de comer, e se tem de o fazer, porque é que não há-de aprender a fazê-lo? Certamente se esta ideia revolucionária pegasse em Portugal, rapidamente atingiríamos um nível de equidade entre géneros bastante apreciável, com melhorias significativas nas próprias relações inter-pessoais, bem como mais rapidamente nos tornaríamos um país de gastrónomos, de aprofundamento das artes culinárias, uma alavanca para o desenvolvimento de um potencial desperdiçado, que seria o sector do turismo gastronómico de luxo. Quanto à forma, pela imagem temos um Presidente da República a dar uma aula pela televisão. Comentários à parte, a forma de aprendizagem mais eficaz é o DIY (do it yourself) ao invés do debitar monólogo e monótono da figura do professor. A interação, a cooperação a descoberta individual, agora potenciada pelos meios digitais, são as formas mais eficazes de aprendizagens consolidadas ao invés dos copianços massivos transformadores nas suas vacuidades mentais. Vamos todos dar uma aula para um qualquer público virtual. Vamos evoluir em conjunto, na troca de ideias, experiências e sabedorias. Talvez assim consigamos um mundo melhor, com mais paz, mais amor, mais riqueza, mais solidariedade, mais uno, na unidade e na diversidade.