sementes na terra
A terra move-se, indiferente à sua própria realidade, limitando-se a existir, a girar, sem tempo mas em espaço próprio exclusivo. Em si carrega um ecossistema único, que se foi desenhando em tempos largos, das quais apenas representamos um levre sopro no tempo da sua história...o ser humano, tal como o conhecemos, nos conhecemos, surgiu por acaso, e já depois de uma longa jornada da terra a mover-se, existindo, apenas por si. As realidades construídas, os saberes acumulados foram-se perpetuando em nós, humanidade, humanos. A forma como vemos o mundo, como vemos a realidade, não pode, pois, ser despita de todo um conjunto infinito de variáveis e circuntancialismos, fruto da riqueza do nano-cosmos. Os saberes separaram-se lentamente mas muito fica por acumular e por aprender em tão breve sopro...Os tempos actuais poderão ser a nossa modernidade ou a nossa pós-modernidade na fusão breve homem-máquina, ainda assim um vasto caminho fica por fazer dentro de cada um de nós. Apreendemos o mundo como um conjunto de sociedades organizadas, vastas e diversas, horizontal e verticalmente enquadradas. Vivemos o exercício dos poderes, públicos, ou individuais, como algo a que temos sempre de julgar, de tão enquadrados estarmos no mundo. Mesmo o bom selvagem, sem o saber fez um contrato social, pois todo o social é político e o humano é todo social, mesmo quando a sua dor o repele. O mundo faz-se e fez-se sempre da do resultado dos comportamentos e acções da condição humana dos sopros infinitos que aqui desceram. A diversidade, a riqueza, a abundância, mas também todos os seus contrários fizeram de nós o que somos hoje, como existimos hoje. E hoje existimos melhor do que nunca, melhor do que em qualquer período temporal que ficou para trás. Existimos de uma forma fantástica num mundo de uma beleza inigualável mas precisamos de sabedoria para inspirar o ar do mundo, ainda que a terra gire indiferente a nós. Harmonia é fundamental para alcançar a plenitude da respiração breve de que somos parte. Dessa harmonia se baseiam as utopias que mais não são do que construções do dever-ser, da perfeição, do belo, do justo. Para existir essa harmonia precisamos de um governo mundial, algo que nos junte em vez de nos separar. Precisamos de união, respeito, tolerância, e aprendizagem constante. Somos todos iguais, somos todos seres humanos. Vivemos momentos de tristeza profunda numa época que estamos a ser devastados, aprisionados por um vírus mortal. temos de cuidar uns dos outros, independentemente do género, raça ou crença religiosa, social, política e sobretudo, mas sobretudo económica, porque dinheiro nenhum paga a vida de um homem, de uma mulher. Em plena produção massiva de vacinas ainda assitimos a um lutar egoísta por algo que nos traz riqueza, sim, mas material, porque a maior riqueza não é aquela que o dinheiro pode comprar, porque o dinheiro não compra tudo, é apenas um instrumento inventado para facilitar a troca e valorar bens....Se podemos ter aprendido algo nesta fase é a de que todos precisamos de todos, todos devemos cuidar de todos, independentemente de quaiquer benefícios económicos que daí possam advir, mas também percepcionámos que todos os profissionais de saúde são parcos para, com ciência e sabedoria orientarem os nossos cuidados...Todos temos esse potencial profissional instalado. Não faz sentido os profissionais serem indicados, escolhidos, ensinados por decisões político corporativas reles, mesquinhas e egoístas. Nunca há profissionais de saúde em excesso, porque a saúde é o bem imaterial mais precioso que temos e que mais cuidados precisa ao longo das nossas breves vidas, curtas ou longas. Temos de ser todos formados (mais ou menos) na área, com sabedoria, como exercício de cidadania, como escolha inteligente, porque uma sociedade saudável é sempre e por todos os motivos muito melhor do que uma sociedade doente. Para este efeito poderemos até ter de construir e desconstruir narrativas, paradigmas e ciências mais integrais e integradas- inter-dependentes, somos uno, somos todos, somos e seremos mais fortes, ainda que por um sopro, mas sempre, sempre semeando....