Sociedades com a sua população mais jovem são sociedades mais dinâmicas. Portugal encontra-se no top 10 dos países mais envelhecidos do mundo! E porquê? Porque nunca deu condições de vida aos seus cidadãos para que estes almejassem uma vida digna com estabilidade, segurança, progresso e a constituição de uma ou várias famílias. Este é um facto inegável não só pelos seus indicadores mas também, por exemplo, pelo facto de haver partidos políticos que têm como foco e base eleitoral este segmento da população ao contrário do que aconteceu em países como Italia, França e Espanha (onde existiram outros, ....refiro-me ao PCP). Ora relativamente ao Inverno demográfico português não há qualquer sensibilidade para o assunto, mas a questão é mais grave do que aparentemente se apresenta: o custo laboral irá aumentar exponencialmente e determinados sectores da sociedade poderão sofrer falhas enormes, interrupções longas e, mesmo, desaparecer. Bombeiros, operadores de logística, motoristas de transporte de bens de consumo, etc, tudo isto levará a um acentuar de más e lentas prestações de serviços por falta de trabalhadores, por falta de população, porque à população existente, desde há décadas que é quase proibido concretizar os seus sonhos de ter condições para deixar descendência. A população portuguesa sofre com a pesadíssima herança de uma ditadura de 40 anos que pretendia assentar a sua base na ignorância da população e nos recursos naturais de países que falam a mesma lingua, apenas e só. É importante assacarmos as nossas culpas enquanto povo naquilo que podemos e devemos apontar como nossos defeitos, tal como nos devemos responsabilizar individual e colectivamente pelas escolhas políticas feitas desde que obtivemos a nossa liberdade de escolha de volta. Mas, se por um lado temos um pedaço de responsabilidade por outro temos que concordar com o enorme avanço dado durante estas 4 décadas em quase todos os indicadores sócio-econômicos, como também temos de pugnar, enquanto povo, para que a condição económico social, o progresso e desenvolvimento do país efectivamente se concretizem. Todos queremos o mesmo: melhores condições de vida. Todos, da esquerda à direita, da idosa do concelho mais rural de portugal, ao homem branco de cor e colarinho urbano. Porém uns querem-no à custa dos outros, da manutenção da miserável condição social dos outros. É, por isso, fundamental que nós, o povo, a população deste país tome cada vez mais consciência dos factos e das prioridades individuais e coletivas, e lute pelos princípios e valores da cultura portuguesa, ainda que esta se traduza bastante numa cultura bipolar. Portugal e os portugueses precisam de se deitar no divã do psicanalista para perceber o que está por detrás desta nossa tão peculiar "condição humana". Sem população não há Estado. Estamos a envelhecer a olhos vistos e não temos condições (como nunca tivemos) para sermos autosuficientes seja em que domínio ou perspectiva fôr. A concepção individualista da sociedade em que cada um (de acordo com a expressão da minha avó) p*ça para si, em que se assume a priori, um jogo loose-loose, em que ninguém dá nada a ninguém, só tem um resultado: ninguém ganha nada de ninguém, ninguém recebe nada de ninguém, individual e coletivamente, abstracta e materialmente. Assim, não só o divã da bipolaridade nos livrará das nossas crenças limitantes, da forma como nos posicionamos e nos valores que atribuímos às coisas, como também poderá e deverá ser esse o divã que nos alavancará para uma sociedade que não seja uma sociedade mas uma comunidade de mérito, sucesso, riqueza, dinamismo e felicidade. Nós o povo, depois do divã, estaremos bem mais aptos a viver melhor, a viver simplesmente com tudo o que o conceito tem de bom, pois temos andado apenas e só, a sobreviver, enquanto povo, entretidos com efémeras, insignificantes, e quiçá ridículas, vitórias desportivas. Para o Estado, a população necessita de estar constituida, de existir e de exercer significativamente os seus direitos e liberdades constitucionais. Enquanto povo, precisamos de exigir rigor, transparência e accountability ao poder político, em todos e cada um dos momentos da nossa vida, não apenas nos momentos eleitorais. A escolha dos nossos políticos, dos nossos governantes influencia directamente as nossas vidas quotidianas (eu que o diga!). Nós, o povo, precisamos de nos unir em torno de um único objectivo, comum a todos nós: a concretização de um país melhor para todos!! Para isso não pode haver desigualdades de qualquer espécie. Para isso é necessária a construção de um espírito crítico, e da partilha de pontos de vista, a partilha de conhecimentos no nosso quotidiano, de puxarmos todos e cada um de nós por cada um de nós e por todos nós. De facto, onde há maior densidade populacional o desígnio do progresso e desenvolvimento economico/social/cultural é infinitamente maior do que em partes do território quase desertas, onde não existe população, onde nós, o povo, por mais responsabilidades e culpas que assaquemos, não poderíamos fazer muito mais do que fazemos. Por isso, e para isso, a regionalização do país sempre foi uma reforma estupidamente adiada, porque Portugal não é só Lisboa. Deixa a pensar quem, por estes dias afirmou: " eu também mudei de opinião em relação à regionalização: antes fui a favor, hoje sou contra", porque, efetivamente condenar, ainda que indirectamente, largas partes da população portuguesa é criminoso, pois só se justifica que haja povo, população, onde ela possa prosperar de igual forma e criar riqueza económica. Claro que a desertificação do território português, ou de qualquer outro território, o território vazio de população, não é economicamente viável e apetecível, por isso as pessoas fogem destes territórios, e bem! E deveriam fugir mais e mais cedo! Porque nós, o povo, somos todos população por inteiro, parte integrante do Estado, com os mesmos direitos e deveres, com a mesma ambição de melhoria individual e colectiva das nossas condições de vida. Está em causa a nossa dignidade, está em causa a nossa sobrevivência, em todos os seus sentidos. Temos de fazer de Portugal um Estado digno, parte integrante de país europeu evoluído. Saibamos escolher os nossos eleitos e comportarmo-nos de uma forma e com uma mentalidade renovadora e reformadora, com exigência e responsabilidade, para connosco e para com os outros, sempre com empatia e entreajuda. É o win-win que nos fará evoluir, ser feliz, inspirar e completar. Nós, portugueses, europeus, e mundiais.