O mundo atual continua igual. As pessoas continuam desamparadas e desconsideradas por um sistema financeiro mundial de tipo especulativo, alheio às alterações climáticas e a qualquer pandemia que exista. O mundo continua doente. Na esmagadoria maioria dos casos, as pessoas vivem na incerteza, para o pagamento mensal das contas, cada vez mais stressadas e desequilibradas, em nome da "produtividade". Enquanto isso o sistema cria a necessidade de educação e especialização cada vez maior sem dar quaisquer seguranças ou contrapartidas ao "consumo" dos anos necessários a esta dedicação, desaproveitando por um lado essas mesmas pessoas e criando-lhes, por outro, outras ilusões. De facto, o mercado de trabalho encontra-se com duas realidades não obstante o denominador comum que os une: a exploração do trabalhador: a realidade do mercado de trabalho não qualificado e a realidade do mercado de trabalho qualificado. Se os primeiros estão a desaparecer com a robotização, os segundo também se encontram em vias de extinção graças à automação, big data e IA. Fica apenas um nicho, o dos ultramilionários, o mercado de trabalho ultra-qualificado, só que esse, ou é sorte ou posição social adquirida. Daí que o mundo atual continua igual, depois de uma pandemia que ceifou a vida a milhões de pessoas em todo o mundo e deixou sequelas em mais milhões ainda. Pouco ou nada aprendemos. O valor das sociedades infelizmente continua a ser exclusivamente um: o dinheiro. Só que esse não compra tudo....
Assim, assistimos continuadamente à perpetuação de uma organização social das comunidades bem como de um saber da humanidade acumulado, que joga pouco com o sentido e as necessidades reais das pessoas, com tudo o que essa perpetuação e organização social trás de bom, que é muito, e de mau, que é pouco, dada a cada vez maior tendência de paz no planeta, não obstante pontuais desequilibrios, guerras e quase-guerras no mundo, desde a 2a guerra mundial pois esta não é atrativa nem para a geofinança dominante nem para os líderes políticos (cientes que estão do poderio científico de acabar com o planeta e a humanidade num piscar de olhos), muito menos, e sobretudo, para os humanos, o cidadão comum, pois que a sua luta é apenas a da sobrevivência e da melhoria progressiva das suas condições de vida materiais.
Por conseguinte, o mercado de trabalho fica caracterizado por uma necessidade constante de atualização do saber, dado o progresso tecnológico, usualmente a maior aposta da geofinança, bem como da tão secular lei da oferta e da procura. Assim, dadas as condições oferecidas pelos empregadores, dada a localização geográfica dos postos de trabalho ( fora das grandes metrópoles, só há trabalho em fábricas tradicionais, que naturalmente precisam de espaço físico para a sua atividade económica, espaço esse que além de escassíssimo nas urbes é extremamente elevado), dada a falta de aptidão das pessoas, fruto de sistemas de ensino assentes na memorização de sebentas, o mais estável e mais bem remunerado é, obviamente, a função pública. A pessoa não precisa de se preocupar em captar clientes, em desempenhar o seu trabalho, em lidar com todas as burocracias inerentes à sua atividade profissional, em descontar para a segurança social, em antever crises e programar-se de acordo com elas, etc, etc, etc. Podemos, assim, afirmar que o mercado laboral se divide em dois blocos: o bloco estático e seguro da função pública e o bloco dinâmico e inseguro do mercado stricu sensu. No seguimento, poderemos adiantar que, nos dias de hoje, julgo que só os médicos poderão dizer que são médicos, (no sentido substantivo), dada a eterna e elevada procura pelos mesmos, ao passo que todos os outros se deverão apresentar como verbos: cozinheiros, rececionistas, motoristas, advogados, contabilistas, marketeers, pois apenas o são enquanto exercem a função, e, não pertencendo a quadros estatais nem à classe médica, somente poderão afirmar que estão, dada a volatilidade e incerteza reinantes no mundo aos dias de hoje....Um mundo onde o homem é o lobo do homem, infelizmente.