A cruz e o poder da Mulher
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As mulheres carregam quotidianamente uma cruz enorme que advém da sua condição de género. São muito poucas as mulheres no mundo que poderão estar contentes com a igualdade de género efetivamente vivida. Essa é a nossa cruz. Diariamente as tarefas de casa, o trabalho invisível, é muito e, infelizmente, completamente desvalorizado. Foi só há cerca de um século que a mulher em algumas partes do mundo conseeguiu o mínimo de respeito dado pelo Estado: o direito ao voto. O direito ao trabalho e a possibilidade de ter educação e de ter um trabalho que lhe permita ter uma vida própria semi-independente continua a ser uma constante em todo o mundo. Não há muitas mulheres à face do planeta que vivam independentemente do género masculino. O dia da mulher, recém assinalado, é por isso, dia de luta e não, de comemoração. A mulher historicamente foi sempre vista como fraca, inferior, incapaz, dependente, e continuamente molestada, violentada, abusada, etc. De facto, a mulher tem sido muito boazinha. Verdade que mulheres no poder mais dificilmente declarariam guerras torpes como uma das que atualmente estamos a viver. De facto que esta "bondade" das mulheres tem de acabar. A mulher tem por um lado de mudar o pensamento/comportamento em relação às suas semelhantes como também ter um puro e duro "espírito capitalista" para com o outro género. Vida é tempo e tempo consumido em tarefas domésticas tem de ser remunerado, tal como tem de ser remunerado outras interações sociais de género, de uma vez por todas para a mulher se conseguir libertar do homem e ser verdadeiramente independente, independente para adquirir todos os bens que lhe apetecer, ser o que quiser, viver como quiser e fazer do seu dinheiro o que quiser. Viver aos pares para aparentar ser livre não é, de todo, ser livre. Pior é mesmo ser obrigada a viver aos pares. Ainda mais forte é viver aos pares e ser obrigada a trabalhar sem remuneração, e, tantas vezes, sem respeito, consideração reconhecimento. A muitas mulheres é negada educação. A muitas mulheres é negado um lugar à mesa. A todas é negada a liberdade! A mulher tem, no entanto, para além da necessidade de alteração comportamental social, uma arma poderosíssima que nunca ponderou colectivamente: ser mãe. Se todas as mulheres coletivamente decidissem em simultâneo não dar continuidade à espécie humana, seria a extinção silenciosa da espécie. Uma ideia poderosa!!! Sabemos que os humanos estão aqui no planeta por acaso. Sabemos também que a guerra vigente corre o risco de aniquilar a humanidade. Guerra de homens. Que mulher quer dar continuidade à espécie para fazer guerras, criar sofrimento, perpetuar desigualdades e pobreza extrema? Existem já livros de como seria o planeta caso o ser humano desaparecesse subitamente. Certo é que todo o conhecimento se perderia, todo o sentido da vida racional se perderia, tudo o que diz respeito à civilização, à história da humanidade, tudo o que nos possa passar pela cabeça deixaria de existir. Ficaria o planeta, fauna e flora e novas espécies. Um planeta limpo, regenerado. Porém o sentido está a ser o inverso: mais poluição, mais exploração de recursos do planeta, mais pobreza, mais pessoas, mais sofrimento, mais desigualdade, mais horror. A mulher tem uma cruz, tem também um poder. Nem a cruz nem o poder devem ser concretizados em absoluto, pois o balanço da sensatez racional deve prevalecer. Está nas mãos da mulher fazer valer a sua luta: a bem da Humanidade.