Declínio português
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Portugal tem uma história longa e rica e passou recentemente por um período particular, no sentido em que foi condenatório das nossas atuais circunstâncias. Felizmente tivémos um visionário, Mário Soares, que percebeu que a Europa seria a ligação natural com as quais o país teria de estabelecer fortes ligações, passando estas pela adesão a uma organização supra-nacional, a CEE. Vamos, porém, perceber as atuais circunstâncias de um povo:
Temos uma constituição de 76, um Código Civil de 66, e, já agora, por exemplo, um regulamento geral de edificação urbana de 1951!!! Discorramos sobre o assunto: não fosse este regulamento tecnicamente um absurdo, ele é produto de uma visão salazarenta e retrógrada, e isto ainda nos rege! Há falta de habitação em Portugal. A burocracia é tremenda, os obstáculos quer a nível central, quer a nívelo local (com PDM's caducos e estúpidos) e o investimento é, por isso, nulo. Salazar nunca imaginou que Portugal se tornasse um país de destino massivo de brasileiros e outros palops, mas também de europeus, americanos, indianos e outros, todos por razões diferentes, todos com um objetivo comum: ter uma melhor qualidade de vida. O que é que acontece? Tudo em simultâneo de há anos para cá? Portugal forma os seus cidadãos em áreas completamente desfasadas da realidade empresarial e nas necessidades do país, tem uma qualidade de emprego duvidosa, uma quantidade de emprego escassa, e uma volatilidade enorme no emprego em oposto contraste ao emprego do funcionalismo público. A falta de habitação e a falta de empregos levou milhares de portugueses à emigração, interrompida circunstancialmente pela pandemia, mas a iniciar novamente esta sangria nacional. Portugal não cuida nem cuidou dos seus. Nestas circunstâncias ( alargamento da frequencia escolar, muitas vezes até ao último grau, o de doutor), a precariedade, a habitação cara, faz com que as cidadãs adiem ou não concretizem a maternidade, estando o país no ranking dos países mais envelhecidos do mundo!! Demografia, Habitação, Emprego, Educação e Saúde, tornaram-se, assim, os sectores mais anacrónicos e caducos do país, obstaculizando o seu desenvolvimento. Sociedades mais jovens são mais dinâmicas, onde há habitação há mais procriação, onde há trabalho há dinheiro, onde há educação há progresso, onde há saúde há tudo! O grande cancro do mundo é a ganância da geo-finaça, e começa a haver sinais da ganância individual no mais puro darwinismo social, em toda a parte face a pressão demográfica e a escassez (cada vez maior) de recursos naturais. Os fundos de investimento, futuros, ações, obrigações e agora criptomoedas são meros instrumentos dos capitalistas para perpetuar e acentuar o sistema. A nível micro: o que faz o valor de uma habitação? Bem, poderia dizer-se que é a lei da oferta e da procura. Errado. O que faz o valor de uma habitação é uma avaliação subjetiva e manipulada efetuada pela banca! São os bancos que prestam crédito, por isso, os preços das habitações serão sempre o mais elevados possível! Ora isto é totalmente inaceitável. Não podemos deixar que seja meia duzia de empresas a determinar o valor de mercado de um bem quando o mercado não funciona, nunca funcionou e nunca funcionará e, sobretudo, quando, sempre que uma dessas empresas parte a corda que estica todos os dias, é o cidadão/contribuinte que paga. Os portugueses precisam de se organizar, pensar o país, saber o que querem. Temos das melhores leis do mundo, mas sem justiça a funcionar, sem fiscalização (outro enorme calcanhar de aquiles no país) a funcionar, sem educação cívica e cultural das pessoas ao estilo nórdico, nunca avançaremos enquanto país, e temos tudo para isso! Sabemos que vivemos tempos de transição de hegemonias, quando os EUA eram hegemónicos houve verdadeiros milagres económicos do outro lado, agora que estão eles a tomar a dianteira, está na hora de fazermos nós, portugueses, o nosso milagre económico (e social) ou, então, desapareceremos enquanto povo.