Sonhar
. "Tenho em mim todos os sonhos do mundo", escreveu, um dia, Fernando Pessoa. Desconheço qual a idade com que registou para a eternidade esta frase, mas é, de facto, uma bela frase, em todas as fases da nossa vida. Curiosamente, sonho pouco a dormir, ou lembro-me do que sonho a dormir poucas vezes. Hoje acordei na continuidade do meu sonho, em Paris, feliz, com sol e saúde, contempladora e de hobbie em ação. O meu estado radiante iniciou o sol do dia encoberto para além das nuvens. Depois, o sonho acordada. Sonho da paz, sonho da abundância, sonho da harmonia, sonho das descobertas, sonho de um mundo melhor. No meu mundo, ao que parece Paris, cidade luz, por mim desconhecida, confesso, sem nunca ter tido muita curiosidade, apenas o gosto pelas artes plasmado nos famosos museus da histórica capital francesa. O sonho da liberdade, da autonomia plena, da saúde perfeita, no caminhar, no correr que acontece quando faz chuva, mas que espero aconteça ao sol. Um lar harmónico e verde, alegria, propósito e conhecimento, a minha fome. Fome do saber, fome do fazer....Já dei por mim imaginar este recanto, retângulo à beira mar plantado, sem pobreza, ao contrário do que verificamos cada vez mais e com cada vez mais força, infelizmente...Um retângulo cheio de prédios e moradias verdes, ao longo das principais autoestradas do país, cidades novas, pessoas novas, multiculturalismo harmonizado e enriquecedor nas suas trocas culturais, sociais e económicas. Governar um país é difícil quando o povo pensa todo da mesma forma, não tem mundo, desconhece o mundo, desconhece as outras realidades, como Starck apelidou o "último povo genuinamente bondoso no mundo". Verdade, bondade que advém de conformismo, da ignorância, do apego à terra, da cultura díficil de evoluir, parca em comunicação, mais parca ainda em transmissão de mensagens e discussões imprescindíveis mas eternamente adiadas. A vida é muito curta. Muito curta para amar, muito curta para descobrir, muito curta para construir, muito curta para aprender pelo que nos meus sonhos, chegar aos 100 como se de 50 se tratassem e possuir declínio funcional apenas dois ou três anos antes de perecer, com mais meia década do que o século completo, que muitos afortunados felizmente alcançam, nos dias de hoje. Mais riqueza material, mais abundância espiritual exige de nós uma mudança de 360 graus no pensar e no sentir. Resta sonhar....Vislumbrar essa mudança está muito longe de se percepcionar...Bons sonhos....